domingo, outubro 29, 2006

Já mercámos

O PP

A Giraldina é um bocado suspeita porque tem simpatias esquerdistas. Mas o Giraldino disso não pode ser acusado. Mas numa coisa temos uma opinião unânime: o PP espanhol é um nojo. Já como herdeiro directo e assumido do franquismo está numa posição indefensável. Mas basta ouvir as declarações diárias dos vários dirigentes nos noticiários ou lê-las nos jornais para ficarmos aturdidos com a imbecilidade e malevolência das criaturas. É uma direita caceteira, conservadora no pior sentido, tradicionalista, repressiva, beata, xenófoba, homófoba, machista. Não há nada que o Governo proponha que não seja recebido com resistência e oposição sistemática, acéfala e intransigente. Espanha parece viver um período assaz próspero, com uma economia pujante, um desemprego nos níveis mais baixos desde 1979, um promissor processo de paz com a Eta, um equilíbrio razoável nas relações entre governo central e autonómicos, um superavit nas contas do Estado apesar de todas as medidas sociais tomadas (incentivos e subsídios para tudo e mais alguma coisa, uma segurança social e um sistema de saúde que funcionam), um investimento claro na ciência (que se traduz realmente no orçamento de Estado, não são só promessas), uma legislação das mais avançadas da Europa em termos de questões sociais e morais (casamento e adopção por homossexuais, investigação em células estaminais), sucessos em todos os desportos, uma produção cultural intensa e vibrante. Claro que também há problemas, dos quais o mais grave parece ser a "febre do ladrilho", mas cuja culpa reside maioritariamente nos autarcas (muitos do PP), tão cúpidos e corruptos como do outro lado da fronteira, e sobre os quais o governo central pouco pode fazer (mas lá vai intervindo). Mas ouvindo os deputados do PP, parece mesmo que o país se está a afundar sob a liderança desvairada de Zapatero.
Poder-se-ia dizer que a culpa é apenas desta geração de dirigentes que sucedeu a Aznar. Mas o próprio ex-primeiro ministro é uma nódoa que envergonha este grande país. Só na última semana o cretino do bigodinho fez manchetes por ter enfiado uma esferográfica no decote de uma jornalista que lhe estava a fazer uma pergunta incómoda e por ter declarado num fórum internacional que "o multiculturalismo é uma ameaça". Ele nem deve saber o que a palavra significa, mas isso não é desculpa para a pequenez de espírito.
E o mais assustador é que isto não é um partido "de táxi", como o PP tuga. É um partido que já foi governo com maioria absoluta e que ainda tem boa parte dos assentos no parlamento. O que só significa que boa parte da sociedade espanhola partilha desta tacanha e reaccionária visão do mundo. Que medo...

Visita aos Giraldinos






Já com algumas semanas de atraso, aqui está a reportagem fotográfica da visita dos nossos últimos convidados, para abrir o apetite aos próximos. Há passeios bonitos, vistas simpáticas, uns banhos árabes magníficos e comidinhas deliciosas. O que é que estão à espera?
(as fotografias foram todas tiradas pela Cláudia e pelo Nuno)

quinta-feira, outubro 19, 2006

Palavras que já aprendemos (1)

A adaptação ao castelhano não tem sido difícil. O vocabulário é em larga medida parecido ou mesmo igual ao do português. Mas já temos aprendidos palavras novas, que queremos partilhar com os nossos amáveis leitores (mas não damos garantia quanto à grafia).
Sencillo - simples
Cêspede - relvado
Cuchillo - faca (aparece muitas vezes nas notícias sobre violência doméstica...)
Cuchara - colher
Alubias - feijões
Calabacines - abóbora
Brevas - figos grandes
Picotas - cerejas
Palillo - palito
Rape - tamboril
Buque - barco
Pantalla - ecran
Rodilha - joelho
Muslos - coxas
Cuello - pescoço
Muñecas - pulsos
Esposas - algemas (isto também vem da violência doméstica)
Ladrillo - tijolo
Hórmigon - cimento
Parilla - grelha
Longanizas - salsichas
Bolsa - saco, mala
Canguru - ama
Nevera - frigorífico
Silla - cadeira
Guisqui - whisky
Galipollas - estúpido
Tío - gajo
Guay - fantástico
Contestador - voice mail
Prenda - roupa
Tejanos - calças de ganga
Falda - saia
Bata - vestido
Chaleco - colete
Abrigo - casaco
Americana - blazer
Corbata - gravata
Casco - capacete
Libreria - estante
Bolígrafo - esferográfica
Pañuelo - lenço de papel
Bombilla - lâmpada
Pressupuesto - orçamento
Inversion - investimento
Expediente - processo
Alfombra - carpete
Sabanas - lençois
Loncha - fatia
Bombona - botija

terça-feira, outubro 17, 2006

domingo, outubro 15, 2006

Mais um excelente filme espanhol


Graças ao King cá da terra, vimos mais um excelente filme espanhol. O realizador é sul-americano, com um currículo hollywoodesco, os actores espanhóis, os meios de produção (sobretudo os efeitos especiais) nada ficam a dever aos blockbusters. É um conto de fadas entrosado numa história bem real, passada nos anos terríveis do pós-guerra civil. A transição entre real e fantasia (imaginação?) é perfeita, "não tem costuras à vista". A história é cruel, a violência brutal, os vilões muito maus, os heróis muito nobres. A heroína é uma Alice que encontra um mundo muito negro, tanto de um lado como do outro do espelho. O filme faz-nos estremecer na cadeira, esconder os olhos por vezes, mas sempre seguir o enredo com muita atenção e empenho. O final deixa um sabor amargo e doce na boca. Recomendamos sem reservas.

sábado, outubro 14, 2006

Sábado na cidade

Os giraldinos tinham planeado ir dar uma volta ao campo hoje, mas estavam cansados e adiaram a viagem. Por isso ficámos pela cidade. De manhã fomos queimar calorias no ginásio: bibicleta, remo, abdominais, 1 km de natação, sauna e jacuzzi. Quem nos via e quem nos vê... Afinal sempre é verdade que o exercício físico liberta endorfinas.
Depois de uma reparadora sesta, mais uma passeata. A giraldina tem um perigoso fascínio pela duquesa de Alba, uma aristocrata octagenária que parece a Miss Piggy, recauchutada a silicone e plásticas, que é presença habitual na imprensa rosa. 20 vezes grande de Espanha (seja lá o que isso queira dizer), com mais de quarenta títulos nobiliárquicos, a maior proprietária latifundiária da Europa, anda nas bocas do mundo (e nos tribunais) porque insultou os dirigentes sindicais dos proletários rurais que ousaram fazer uma manifestação de protesto à porta da cerimónia que a consagrou como filha dilecta da Andaluzia. Pois a dita senhora habita num palácio do século XVI mesmo no centro de Sevilha. Os giraldinos (mais uns quantos turistas) foram espreitar à porta do tal palácio, mas pouco mais se vê que os jardins, os telhados e uma nesga do pátio interior cheio de vegetação.


De caminho ainda bisbilhotaram umas quantas igrejas, de portas abertas graças a casamentos. A de S. Pedro, na praça do mesmo nome, vale bem a visita. De estilo mudejar, tem uns azulejos, uns tectos e um coro de madeira lindíssimos. E para variar não tem nenhuma N. Sra. chorona.
Recompusémos forças com um gelado delicioso na Rayas (lembram-se, Cláudia e Nuno?). Entre dezenas de sabores inusuais, o de figo de pita e o de marron glacé são imperdíveis. Mas ficámos de olho em mais umas quantas alternativas, não perderá pela demora.

Contagiados pelos hábitos consumistas de nuestros hermanos, fomos então de tiendas. Com dezenas de lojas de roupa barata e boa, o dificil é não vir de sacos cheios para casa. Fizemos ainda uma paragem na Libreria Beta na calle Sierpes, antigo Cinema Imperial transformado numa catedral de livros. Está ainda por escrever um post sobre as nossas incursões na literatura espanhola.

Por fim tapas (não merecem referência especial) e uma ida ao supermercado. Um dia pacato numa pequena cidade animada.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Janelas

Uma super-produção espanhola


Guarda-roupa opulento. Cenários de encher o olho. Actores excelentes. Música bem escolhida. Trabalho de câmara imaginativo. Um argumento escorreito, que tenta isolar a "verdade" histórica da lenda negra que rodeia estes personagens. Diálogos um tanto ou quanto pomposos e uma insistência desnecessária na ideia que os actos desapiedados se justificam pelos interesses da família. No conjunto, merece bem uma ida ao cinema.

domingo, outubro 08, 2006

Uma tarde nos banhos

Aproveitando a visita de uns amigos, decidimos experimentar algo de novo. E esta é uma visita a repetir amiude. Fomos aos banhos árabes de Sevilha, numa ruela estreitissima do bairro de Santa Cruz. Uma hora e meia de puro prazer e relax. Uma doce massagem de 15 minutos, seguida pela completa liberdade de explorar as piscinas e serviços postos à nossa disposição. O tanque de maiores dimensões é de água tépida (30 graus), levemente salgada. Segue-se um menor, de água quente (40 graus), e ao lado um pouco maior que uma banheira, de água bem fria (16 graus). O truque é ir alternando as temperaturas , para melhor arrepiar a pele. Não se pode nadar nem falar em voz alta. A música árabe e o cheiro a insenso, a luz de velas reflectidas nas paredes vermelhas, a penumbra, tudo compõe uma atmosfera mágica. Depois há uma sala onde é servido chá gelado, duches de água perfumada, jacuzzi e banho de vapor. No piso inferior há mais uma pequena piscina, onde se remove o sal da pele.
Não sai barato, mas de vez em quando merecemos uma tarde hedonista.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Os degraus da Torre do Ouro...



... Sobem-se um a um até se chegar ao céu.

Carmona, Espanha (Setembro de 2006)

Córdoba: Recomendação Gastronómica

Não poderíamos ter ido a Córdoba sem experimentar um bom restaurante. O Amaltea foi recomendação da nossa amiga Adeline, uma verdadeira gourmet bem conhecedora da casa. Faz juz à figura mitológica que que lhe dá o nome e é uma excelente solução para variar da cozinha andaluza e provar alguns pratos sofisticados, elaborados com imaginação e muito bom gosto.
Recomendamos o atum crú sobre canónigos, tomate sherry e tomate confitado; o mil-folhas de batata, bacalhau fumado e guacamole; o queijo de cabrales; e, finalmente, o brownie quente com gelado.
Para quem se sinta tentado, situa-se na Ronda de Isasa, entre o Guadalquivír e a Mesquita, enquadrado entre a ponte moderna e a romana.

domingo, outubro 01, 2006

Córdoba



Não se pode culminar uma vida sobre a Terra sem se visitar, pelo menos uma vez, a mesquita/catedral de Córdoba. Trata-se, sem dúvida, de um dos edifícios mais sublimemente belos que podemos admirar durante a nossa existência.







































No início simpatizámos pouco com a cristianização forçada da mesquita, no entanto, fomos forçados a deleitar-nos com o sincretismo religioso/plástico de parcelas da catedral.




















Alá é grande

e Maomé o seu profeta.