sábado, agosto 26, 2006

Cisnes, patos, pombos e pardais

As aves urbanas suíças são gorduchas. São do mais despudoradamente pedinchão que já vimos. A partir do momento em que nos sentamos a comer uma sandes ou um gelado num banco de um dos aprazíveis parques urbanos que abundam pelas cidades suíças logo somos instados a doar uma migalhita. Primeiro um pardal mais audaz que enche o papo como prémio da sua iniciativa, depois outro, e outro... depois um pombo, e outro até estarmos literalmente rodeados por dezenas de criaturas aladas que avidamente solicitam a partilha do nosso almoço ou lanche. Caso estejamos na margem do Léman ainda se juntam patos e cisnes ao bodo.

Os giraldinos na terra do chocolate

Meses de canícula tornam umas férias (mesmo de três dias) na terra dos lagos, das montanhas, do chocolate, do queijo, dos relógios e dos bancos um bem vindo alívio. E por isso lá rumaram os Giraldinos à Suiça. Passeámos pelas ruas pitorescas de Lausanne, explorámos o fabuloso Chateau de Chillon, desde as masmorras até à torre de vigia, navegámos no lago Leman, bebemos água de Evian na fonte, vimos o famoso jet d'eau e o Mont Blac a partir de Genebra.

domingo, agosto 20, 2006

Publicidade institucional



Há bastante publicidade institucional na televisão. Geralmente é de boa qualidade, bem feita, muito directa, mas atractiva, com humor. Há uma campanha de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis que as compara a grupos de rock que "actuam" quando não se tomam precauções. Há outra sobre os cuidados a tomar durante uma onda de calor, fundada na ideia que a natureza é sábia e os animais se protegem. Depois há outra que diz que só os animais comem "pezqueñines" (peixes pequenos). E contra os temiveis problemas dos incêndios e do desperdício de água, há uma série de spots televisivos pedagógicos que fazem pensar. Por fim, a prevenção rodoviária faz uso de um poema de António Machado que diz "Caminantes no hay camino, se hace camino el andar... Sobre la mar veraz una estela; que núnca volveraz a pisar... " Muito inteligente.

sábado, agosto 19, 2006

Boa comida 4

Mais uma experiência a repetir. Uma e outra vez. Quase aqui ao pé de casa há uma rua estreitinha cheia de comércio e casas de comidas. São quase todas propriedade do mesmo grupo e esta é uma delas: a Alacena de San Eloy. Parece que a actividade principal do estabelecimento é o comércio de mercearias finas (presuntos, compotas, conservas, vinhos). Mas também servem tapas e bebidas e como está sempre cheio e tem muito bom aspecto lá decidimos fazer a prova. E não nos arrependemos. Para além dos habituais queijos e presuntos, as tapas são nouvelle cuisine. Pequeninas quantidades, sabores intensos e diversos, combinações exóticas. Provámos e aprovámos o magret de pato relleno de boletus, o queijo de ávila gratinado com azeite e oregãos, o queijo cabrero tostado com puré de castanhas, mexilhões, corações de alcachofra macerados em azeite e, o mais espectacular, queijo de Ávila com castanhas em almíbar e doce de frutos vermelhos. Isto bem regado com cidra e um tinto sublime saiu-nos pela módica quantia de 16 euros.




Para rematar o serão fomos até à única esplanada decente deste lado do Guadalquivir. Quase debaixo da ponte de Triana, virada para o passeio à beira rio, a Terraza Capote é um must das noites de Verão. Boa música, uma vista relaxante, pouca gente (pelo menos às horas cristãs a que saimos...), é o sítio ideal para ver o rio a passar, os morceguinhos a esvoaçar, velhotas a passear o cão, pares de namorados, praticantes de escalada, ciclistas nocturnos, barcos de turistas... E tudo isto a cinco minutos de casa.

quarta-feira, agosto 16, 2006

E agora um clássico


O touro da empresa vitivinícula Osborne. Pelo menos um dos Osborne é presença assídua nos programas televisivos del corazon.

terça-feira, agosto 15, 2006

A cidade branca

A apenas 100 quilómetros de casa temos Cadiz, a cidade branca. Vista de cima parece mesmo uma povoação do norte de África, um labirinto de casas caiadas e azoteias ao sol.
Ao nível térreo, a cidade tem um charme decadente, de aristocrata caída em tempos dificeis. De um passado de prosperidade resta uma míriade de casas bonitas, com varandas em ferro forjado e decorações barrocas em gesso, mas cuja pintura já viu melhores dias e onde nem todas as janelas têm vidraças.
Há monumentos imponentes, como a catedral,


e praças simpáticas, com árvores frondosas e esplanadas acolhedoras.
Fora das muralhas, Cadiz transforma-se numa Figueira da Foz ou Póvoa de Varzim, com grandes prédios à beira do passeio marítimo e longas extensões de praias urbanas, de bandeira azul e ruidosas famílias espanholas a banhos (sim, parece o Verão Azul...).
Gostámos tanto que estamos a pensar lá ir passar uma semaninha de férias...

domingo, agosto 13, 2006

Arquivo das Índias


Não faltam na cidade espaços para apresentar exposições. E este é um dos mais magnificentes. A sua função principal é claro dar apoio aos investigadores que consultam os seus milhões de documentos. Mas também tem um serviço de exposições (gratuitas) assaz interessante. Já lá tinhamos ido ver uma exposição sobre o planeamento urbano das cidades coloniais. Mas hoje aproveitámos a oportunidade para conhecer o andar superior deste soberbo edifício, que aloja uma exposição sobre Colombo na Andaluzia. A dita era assaz interessante, combinando uns (poucos) objectos com (muitos) importantes documentos. Livros, cartas assinadas pelo próprio, instrumentos científicos, um capacete, pinturas da época que retratam os personagens históricos ou motivos alusivos às descobertas, artefactos ameríndios e uns fabulosos mapa mundi que podem não ser geograficamente rigorosos mas que têm uns bonecos muito pitorescos.
Agora só o edifício já merece a visita. Escadarias de mármore rosa, filas intermináveis de estantes de madeira, tectos de calcário esculpido, em formato de cúpula. E incontáveis retratos de antigos directores do Arquivo (?) em uniforme de gala. Mais uma jóia desta cidade.

Hot town, summer in the city

Hot town, summer in the city
Back of my neck getting dirty and gritty
Been down, isn't it a pity
Doesn't seem to be a shadow in the city

All around, people looking half dead
Walking on the sidewalk, hotter than a match head

But at night it's a different world
Every boy and every girl
Come-on come-on and dance all night
Despite the heat it'll be alright

And babe, don't you know it's a pity
That the days can't be like the nights
In the summer, in the city
In the summer, in the city

Lamento, mas é no Verão que se deve visitar Sevilha. Sim, faz calor. Sim, em Agosto os sevilhanos estão todos de férias, as lojas fecham e até a Santa da ponte de Triana se ausenta para parte incerta.
Mas é no Verão que a cidade se enche de turistas de calções e sandálias e de linguajar de todas as partes do mundo. Que o frescor que emana dos pátios sevilhanos se sente ao passar na rua, junto às portas abertas. Que o cheiro das laranjeiras e das figueiras é mais intenso. Que há concertos e cinema ao ar livre. Que os mergulhos na piscina sabem melhor. Que se pode disfrutar plenamente de um jantar ou um copo na esplanada à vista da Giralda iluminada. Que a sesta é mais doce e mais necessária. Que um passeio nocturno por Santa Cruz é mais agradável. Que a peculiar arquitectura da cidade mais se destaca contra um céu muito azul. Que a brisa tépida que entra pela janela e se ouve a bulir nas árvores é mais prazenteira.
Agora que os termómetros marcam menos de 35 graus, os giraldinos disfrutam plenamente do Verão na sua cidade.

Post Scriptum - Já tivemos a nossa primeira marcação para o colchão insuflável na sala. Mas só para o feriado de Outubro. Sejam bem vindos, Nuno e Cláudia.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Verano Azul

Como se está a aproximar um fim de semana prolongado e nós tencionamos ir até à costa, pareceu-me apropriado.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Uma praça de touros ao luar

O concerto não prestou, mas não deveremos ter muitas mais oportunidades para ver a praça de touros por dentro, sobretudo numa noite de lua cheia...

BB - O barrete do Barenboim


Antes de despejar o fel... uma advertência prévia: a correcção política não me é muito simpática e não sou, de todo, um simpatizante da causa palestiniana.

Ontem fomos ver a Nona interpretada pela Orquestra West-Eastern Divan dirigida por Daniel Barenboim que abria a sua temporada em Sevilha na Real Maestranza. A noite não estava muito quente e até soprava uma brisa vinda do Guadalquivír: óptima, portanto, para um concerto ao ar livre numa Praça de Touros (?!).
E a boa espectativa acaba-se aqui.
A organização era péssima. Havia três estreitas entradas em cada porta da praça de touros. Sendo apenas três as portas já podem calcular o tempo que alguns milhares de pessoas demoraram a entrar. Para se tornar ainda pior, estes milhares de pessoas estavam concentrados num estreito corredor circundante da praça de touros que a separa dos edifícios vizinhos.
Em resumo, não é lugar para se fazer um concerto de música clássica. Conclusão reforçada pelas miseráveis condições acústicas do local e do seu total desconforto.
Como já não havia bilhetes para a plateia (devem ter esgotado no primeiro dia) tivemos que os comprar para a bancada. A surpresa da noite foi quando deparamos com umas estreitas bancadas de tijolo cuja área reservada a cada espectador não deveria superar os 50 centímetros quadrados (atenção que a referida área deve comportar não só o traseiro do próprio como os pés de espectador localizado no lugar da fila imediatamente posterior). Estivemos cerca de uma hora e meia sentados no penico com os joelhos encostados às costas do infeliz da frente e com o traseiro à mercê dos pés do localizado por detrás.
Quanto ao concerto propriamente dito... Foi mediocrezito.
Trata-se de uma orquestra de formação com a particularidade de os músicos serem escolhidos pela nacionalidade e não pela sua capacidade técnica (é composta por músicos espanhóis, israelitas e palestinianos politicamente comprometidos com a pacificação daquela zona do globo). Os jovens músicos não eram grande coisa, o coro era fraquito e os solistas entravam a destempo. O famoso maestro deve andar satisfeito com a obra, mais com o seu significado político do que com a qualidade técnica e virtuosismo artístico.
Para culminar a noite, a audiência de ouvido duro estava entusiasmada, pedia encore e aplaudia a contento, mas o BB (bom do Barenboim) não estava para isso e entretinha-se a rodopiar no palco, a solicitar a ovação individual de cada instrumentista (!?), do coro, beijava a mão das solistas, etc - tudo menos corresponder aos desejos do público.
Enfim, foi uma tourada. Só senti a falta do touro à medida que crescia em mim o desejo de ver uma potente cornada no traseiro do BB.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Os turistas solidários

Os imigrantes africanos não são parvos. Só assim se explica que não cheguem cayucos às praias tugas... Pronto, a maior proximidade geográfica também ajuda. Mas Espanha enfrenta um sério problema. Todos os dias chegam às Canárias ou à costa meridional vários cayucos com dezenas ou mesmo centenas de africanos desesperados para começar uma vida nova na Europa. Se alguns conseguem entrar indetectados na terra prometida, a maioria é caçada pelas autoridades ao chegar à costa. Outros são resgatados à deriva no mar. Os menos afortunados ficam pelo caminho, tragados pelo mar ou pelo sol.
Ao Governo espanhol resta dar sepultura aos mortos e tratar dos sobreviventes: uns dias no hospital, outros tanto nos centros de acolhimento e um bilhete de avião só de ida para o país de origem. Tudo isto sai do bolso dos contribuintes espanhóis. Mas é ver as tomadas de posição dos governantes para perceber a atitude civilizada desta gente. O governo central lança um programa de ajuda ao desenvolvimento dos países sub-saharianos para tentar travar a imigração na origem. O governo canário reforça os meios dos serviços de socorro e acolhimento, declarando que sim, que isto é uma despesa imprevista, mas que tem de ser feita, não se vai deixar morrer gente à fome e à sede no mar. E a população parece estar de acordo. Há duas semanas um pesqueiro espanhol manteve dezenas de naufragos a bordo durante dias a fio enquanto os portos dos países mais próximos se recusavam a recebê-los (e vários barcos passaram ao largo para não terem aborrecimentos). E esta semana, por duas vezes, centenas de turistas de duas praias canárias lançaram-se em socorro de imigrantes que mal se tinham em pé, dando-lhes água, comida e roupa. É bonito de se ver.
(Foto roubada ao El Pais)

domingo, agosto 06, 2006

E eis porque precisamos de umas idas ao ginásio


Compram-se no El Corte Ingles. Na secção gourmet. Não são baratos, mas os produtos desta marca valem tudo o que custam. Sem corantes, sem conservantes, sem gorduras adicionadas, feitos artesanalmente, os chocolates e as gomas são uma tentação irresistível.
Longe vão os tempos dos caramelos e do sucedâneo de chocolate...

Noites sevilhanas


Não é verdade que se saia de noite para apanhar o fresco nesta cidade. A única altura do dia em que os termómetros descem abaixo dos 25 graus é algures entre a madrugada e as 9 da manhã. Asseguramos-vos que ontem, às 9 e meia da noite, passava dos 35 graus e depois da meia noite pouco tinha arrefecido. Como é em casa que se está bem, de ar condicionado ligado, só mesmo a boa comida nos faria sair.
E boa comida foi o que encontrámos no simpático La Tagliatella da Calle Alfonso XII. Restaurante italiano, pois claro, mas não fizemos nenhum voto de nos cingirmos à comida andaluz. O estabelecimento é assaz simpático, com uma decoração um tanto barroca (painéis de madeira coloridos, fotografias a preto e branco, vitrinas com máquinas fotográficas, cenários de teatros de marionetas da Commedia dell' arte, com as ditas) e pessoal muito eficiente. O menu é extenso, com entradas, saladas, gratinados, carnes, pizzas e centenas de variações possíveis de massas frescas e secas (20 tipos de massas vezes 18 tipos de molhos, é fazer as contas). A massa que escolhemos estava saborosa, mas as pizzas então são divinais. Com uma base fina e estaladiça que se desfaz na boca como hóstia (supomos nós, que nunca provámos o corpo de Deus) e uma cobertura generosa mas na medida justa, é uma experiência a repetir. Ficaram por provar as saladas, mas não perdem pela demora.
De barriga cheia, não nos restou outra hipótese que não ir experimentar os bares de copas da Calle Betis. Lá atravessámos a ponte de novo para Triana e instalámo-nos na esplanada do simpático Café de La Prensa, à beira do Guadalquivir. O calor pouco abrandou e a brisa que soprava era tépida e nada refrescante, mas tudo parece perder importância perante o brilho dourado da Giralda e da Torre do Ouro, reflectido nas águas escuras do rio.

sábado, agosto 05, 2006

Os giraldinos aquáticos

Continuando na senda da integração na vida da cidade, os giraldinos aderiram a um ginásio. Sim, finalmente cedemos às invectivas para que cuidassemos do físico e dessemos combate aos pneus. Mas a proposta do Galisport era demasiado irresistível. Por uma aceitável quantia mensal, temos direito ao uso livre de: uma piscina de 25 metros, uma piscina de diversão (com hidromassagem), jacuzzi, sauna, banho turco, sala de musculação, courts de squash, variadas aulas de fitness, yoga e até danças sevilhanas. Tudo isto em instalações limpas e agradáveis, do que foi antes uma fábrica de material aeronautico, no simpático bairro de Triana. Fica-nos a 15 minutos a pé de casa (e mais ou menos à mesma distância do local de trabalho), a pouca distância de paragens de autocarro e até tem um parque de estacionamento privativo.
Hoje os giraldinos foram a banhos e gostaram. Face a este calor inclemente, soube bem desenferrujar o esqueleto com umas braçadas, abrir os poros na sauna e relaxar o corpinho no jacuzzi. O pior foi o lauto almoço que se seguiu... um bocadinho contra-producente...

terça-feira, agosto 01, 2006

El Koala - Opá, yo viazé un corrá

O sucesso de Verão aqui na bela Hispania. E mais uma história exemplar de como a internet está a mudar o mundo. Esta canção e videoclip de um rústico roqueiro andaluz tinham uma divulgação muito restrita até um admirador se lembrar de pôr o clip no youtube. Aí foi visto por milhões de pessoas e conquistou uma legião de fans. Esta publicidade gratuita levou uma companhia discográfica a adquirir e promover a canção, que entretanto foi adaptada a hino promocional do mundial por uma cadeia televisiva, a toques de telemóvel e o diabo a quatro. Ouve-se a toda a hora na rádio, na televisão e nas esplanadas à beira praia. E por acaso até tem graça...