segunda-feira, agosto 07, 2006

Os turistas solidários

Os imigrantes africanos não são parvos. Só assim se explica que não cheguem cayucos às praias tugas... Pronto, a maior proximidade geográfica também ajuda. Mas Espanha enfrenta um sério problema. Todos os dias chegam às Canárias ou à costa meridional vários cayucos com dezenas ou mesmo centenas de africanos desesperados para começar uma vida nova na Europa. Se alguns conseguem entrar indetectados na terra prometida, a maioria é caçada pelas autoridades ao chegar à costa. Outros são resgatados à deriva no mar. Os menos afortunados ficam pelo caminho, tragados pelo mar ou pelo sol.
Ao Governo espanhol resta dar sepultura aos mortos e tratar dos sobreviventes: uns dias no hospital, outros tanto nos centros de acolhimento e um bilhete de avião só de ida para o país de origem. Tudo isto sai do bolso dos contribuintes espanhóis. Mas é ver as tomadas de posição dos governantes para perceber a atitude civilizada desta gente. O governo central lança um programa de ajuda ao desenvolvimento dos países sub-saharianos para tentar travar a imigração na origem. O governo canário reforça os meios dos serviços de socorro e acolhimento, declarando que sim, que isto é uma despesa imprevista, mas que tem de ser feita, não se vai deixar morrer gente à fome e à sede no mar. E a população parece estar de acordo. Há duas semanas um pesqueiro espanhol manteve dezenas de naufragos a bordo durante dias a fio enquanto os portos dos países mais próximos se recusavam a recebê-los (e vários barcos passaram ao largo para não terem aborrecimentos). E esta semana, por duas vezes, centenas de turistas de duas praias canárias lançaram-se em socorro de imigrantes que mal se tinham em pé, dando-lhes água, comida e roupa. É bonito de se ver.
(Foto roubada ao El Pais)

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