Alatriste
Os giraldinos foram ao cinema pela primeira vez desde que cá estão. Um filme espanhol, está claro, que isto das dobragens não cabe na cabeça de ninguém. E foi também uma declaração política: ainda que a película em causa esteja em cena no multiplex da Warner que fica aqui a 5 minutos de casa, palmilhámos mais umas ruas para chegar ao Cine Cervantes, juntando-nos à intelligentsia urbana domingueira. É que o Cervantes é uma das últimas salas clássicas, de modelo cineteatro, com poltronas de veludo, balcões de camarotes, lustres, madeiras talhadas. Está um bocado decadente, a precisar de reparações e talvez até de uma desinfecção. Nem o som nem a imagem são muito bons, mas valeu a pena conhecer a sala.
O filme também mereceu a saída de casa. O argumento e a montagem têm algumas falhas, resultantes da tentativa de meter o Rossio (5 livros) na Rua da Betesga (um filme de 2 horas), mas o herói é apaixonante, os outros personagens bem compostos, o retrato de época meticuloso, a fotografia belíssima (abusando um bocadinho do efeito-quadro-de-Velazquez), as cenas de batalha emocionantes, a mensagem central bastante familiar: a decadência do(s) império(s) ibérico(s). Enfim, recomenda-se.
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