segunda-feira, setembro 11, 2006

Alatriste


Os giraldinos foram ao cinema pela primeira vez desde que cá estão. Um filme espanhol, está claro, que isto das dobragens não cabe na cabeça de ninguém. E foi também uma declaração política: ainda que a película em causa esteja em cena no multiplex da Warner que fica aqui a 5 minutos de casa, palmilhámos mais umas ruas para chegar ao Cine Cervantes, juntando-nos à intelligentsia urbana domingueira. É que o Cervantes é uma das últimas salas clássicas, de modelo cineteatro, com poltronas de veludo, balcões de camarotes, lustres, madeiras talhadas. Está um bocado decadente, a precisar de reparações e talvez até de uma desinfecção. Nem o som nem a imagem são muito bons, mas valeu a pena conhecer a sala.
O filme também mereceu a saída de casa. O argumento e a montagem têm algumas falhas, resultantes da tentativa de meter o Rossio (5 livros) na Rua da Betesga (um filme de 2 horas), mas o herói é apaixonante, os outros personagens bem compostos, o retrato de época meticuloso, a fotografia belíssima (abusando um bocadinho do efeito-quadro-de-Velazquez), as cenas de batalha emocionantes, a mensagem central bastante familiar: a decadência do(s) império(s) ibérico(s). Enfim, recomenda-se.

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