quarta-feira, junho 28, 2006

Condutores sevilhanos

Conduzir numa cidade estranha é sempre um desafio. Mas Sevilha já não é uma cidade estranha para os giraldinos. O mau estado geral dos carros (para-choques amolgados, espelhos laterais arrancados, amolgadelas, carroceria presa com fita adesiva) não faz jus ao condutor sevilhano. Este é em geral cuidadoso, lento, cumpre escrupulosamente os limites de velocidade, dá passagem aos peões mesmo fora das passadeiras, previdente ao manter-se em duas faixas até decidir que direcção é que quer tomar... Já o respeito pelos sinais vermelhos é outra coisa, acho que lhes é atribuído um valor mais indicativo que compulsório. Mas verdade seja dita que o sistema de semáforos é em certas zonas completamente absurdo: tempos sem fim de sinal fechado, sinal aberto em simultâneo para vias que se cruzam, sinais intermitentes em rotundas... O problema aqui é mesmo o estacionamento. Como no centro da cidade é quase totalmente proibido, como os lugares que existem são escassos e muito pretendidos, como as garagens têm portas estreitas, demarcações apertadas e colunas que se movem (como indicado no hilariante anúncio da lineadirecta.com), os condutores vêem-se obrigados a optar por um estilo de estacionamento selvagem: trombada no carro da frente, trombada no carro de trás e já está, o carro entra ou sai sempre do parqueamento. Confesso que a matrícula do nosso coche já está um bocado amolgada e que eu já estou cheia de nódoas negras de me espremer contra a porta para sair do carro. E que foi muito mais difícil arranjar uma garagem que um apartamento. Acabámos por nos contentar com uma garagem meio sinistra, gerida por uns romenos simpáticos, que fica a 10 minutos de casa. Mas é um luxo que permite à giraldina ir de carro para o trabalho e vir almoçar a casa, porque os transportes públicos são um pesadelo que carece de um post próprio...

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