Adiós España
O mundial de futebol visto num outro país tem um sabor diferente e suscita algumas perplexidades curiosas, sendo que a primeira vantagem é sempre a distância face ao televisionamento tuga do fenómeno, mas isso já foi referido num post prévio.
Podemos dizer que os espanhóis embandeiram tanto em arco com a sua selecção como os portugueses, embora com diferenças importantes.
Os tugas embandeiram desconfiadamente, ou seja, esperam sempre uma derrota para depois culparem o árbitro, a federação, o clima, a textura do forro das chuteiras... Quando a selecção ganha vão para a rua festejar a vitória e proclamarem aos quatros ventos que são os maiores, até que se renove o ciclo.
Os espanhóis embandeiram incondicionalmente. Ontem antes do jogo já estavam a celebrar os golos que o Torres, o Villa e o Raúl iam marcar, a reforma do Zidane, o desenho táctico para o jogo dos quartos de final cotra o Brasil, etc. O mais curioso é que compartilham este estado de alma com a convicção de que existe uma maldição contra a Espanha em cada mundial.
Ontem cheguei a ver as costas de uma t-shirt envergada por um adepto que enumerava os culpados pelos erros que conduziram a derrotas da Espanha nos sucessivos mundiais.
E, no entanto, 24 horas depois da derrota que motivou o derramar de tantas lágrimas por parte dos aficionados mais irredutíveis... a festa continua. É como se já tivesse acontecido há meses: a festa continua, a esperança renova-se para o próximo mundial... Afinal era só uma partida de futebol.
Ao contrário dos tugas, para os espanhois o sucesso futebolístico não constitui um momento fundamental de suspensão momentânea da depressão colectiva. É só mais um pretexto para a festa.
1 comentário:
já cá estou! parabéns pelo BLOG, é muito fixe!
Nuno Jorge
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