O melhor jornal do mundo?
Quando me perguntam se tenho saudades da imprensa portuguesa, se comprei o Expresso na minha última viagem a terras lusas, se aqui se podem comprar jornais ou revistas tugas, só tenho vontade de rir. Quem é que quer saber da imprensa portuguesa quando se tem o El Pais? É certo que será um periódico um nadinha tendencioso de esquerda, mas é para compensar toda a outra prensa cujas portadas só tecem loas ao cretino do Mariano Rajoy e sus muchachos (um efeito perverso desta estadia é começar a entremear duas línguas no discurso... estamos feitos uns autênticos emigrantes...). O el Pais é um jornal à moda antiga. Tem muito texto. Muitas folhas, mesmo no Verão. Usa palavras compridas e construções frásicas elaboradas. Tem extensas crónicas escritas por comentadores políticos, académicos, escritores. Tem correspondentes em várias partes do mundo. Trata os assuntos em profundidade, com artigos que ocupam várias páginas.
Mas também é um jornal moderno. Tem bastantes fotografias e infografias. Tem pelo menos um suplemento aos dias de semana e vários ao fim de semana, incluíndo uma revista com
uma qualidade gráfica assinalável, com artigos que merece a pena ler e fotografias deslumbrantes. Tem um site na internet onde se encontra de tudo: para além dos artigos da versão impressa, notícias de última hora, páginas em pdf, um jornal gratuito (daqueles para ler no metro) descarregável, ficheiros multimédia (fotografias, pequenos vídeos, trailers de cinema), utilidades (meteorologia, trânsito, cartaz de espectáculos, televisão), foruns de discussão e um arquivo de todas as edições desde a fundação (ok, este serviço é restrito aos subscritores ou pago). Não admira que tenha recebido o prémio EPPY para melhor diário digital.
Mas é mais que um jornal, é uma autêntica loja de chineses. Com o jornal vende-se tudo: colecções de DVDs com filmes ou séries de televisão, cursos de línguas, livros infantis, impressoras, máquinas fotográficas digitais, vinhos. Agora assinando o jornal por um ano recebe-se uma máquina de filmar digital. Se não fosse os 400 euros que teríamos de desembolsar, até estaríamos tentados...
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